sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Etnografia da prática escolar

O período de observação na Escola Lagoa Dourada foi muito bom, fomos bem recebidos por toda a equipe da escola que nos deixou a vontade para fazermos as nossas observações e entrevistas.Essa receptividade e apoio contribuiumuito para o desenvolvimento do nosso trabalho e fez com que tivessémos um bom aproveitamento durante a semana.
Esse período é de suma importância para o estagiário, é o momento de conhecermos a realidade da escola em que iremos atuar e planejarmos o nosso trabalho de acordo a realidade encontrada. É o momento de ter o primeiro contato com os alunos, perceber o nível de desenvolvimento e identificar as dificuldades que eles apresentam.Gostei muito da escola, do acolhimento dos professores, coordenadora e direção. Além dos outros funcionários que também nos recebeu muito bem e que nos deu bastante atenção.Espero que o estágio seja tranquilo e bem proveitoso tanto para os alunos quanto para mim, e que possamos juntos trocar as nossas experiências e aprendermos juntos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Minha História Valdilene

Minha História


Nasci e fui criada na cidade de Jequié onde tenho guardadas boas lembranças da minha vida. Aos cinco anos de idade, minha mãe (Valdete) começou a me ensinar em casa as primeiras letras do alfabeto através de um ABC, através desse ABC, ela ia me mostrando as letras que faziam parte do meu nome e aos poucos eu ia treinando a escrita do mesmo. Todos os dias, ela dedicava uma parte de seu tempo seja pela manhã ou pela tarde para ficar lendo e escrevendo junto comigo esse alfabeto que sempre começava pelas vogais e terminava nas consoantes numa rotina como se fosse realmente uma escola, mas com uma diferença, não tinha o rigor e a pressa de eu aprendesse de imediato a ler e escrever como hoje em dia muitos pais quer que os filhos aprendam logo. Portanto, minha mãe foi a primeira professora de alfabetização que tive, que aos poucos foi me alfabetizando com o pouco conhecimento escolar que tinha, mas com uma sabedoria de vida muito grande que sempre fez de tudo juntamente com meu pai (Antonio) para que eu e meus três irmão estudassem.
Somente aos seis anos de idade fui matriculada em uma turma de alfabetização em uma escola particular e chegando lá, muitas coisas eu já conhecia e sabia fazer, pois já tinha aprendido em casa. E no ano seguinte fui estudar em escola municipal (Dom Climério de Andrade), que acabou sendo desativada e hoje é o espaço onde funciona o ODERÊ. Nesta escola estudei até completar a 4ª série. Lembro-me que a professora da 3ª série era muito rigorosa e gostava de colocar as crianças de castigo, ninguém conversava em suas aulas, as carteiras eram em fileiras e nos dias de prova era pior ainda ninguém se mexia que ela pensava que estava olhando pro lado pra ver a prova do colega. Muitas das minhas atividades ficavam às vezes sem corrigir porque eu não conseguia acompanhar a correção oral que ela fazia, pois era muito rápido e raramente repetia a correção, isso era muito ruim e graças a Deus passei por ela para encontrar na 4ª série uma professora maravilhosa, dedicada e atenciosa. Olhava sempre os cadernos, os exercícios dos livros, contava histórias e deixava sempre desenhar o que queríamos. Na sala sentávamos em dupla e somente nos dias de prova sentávamos em fileira, isso sempre acontecia porque nessa época a avaliação escolar era algo rígido e era momento do aluno colocar no papel tudo que ele aprendeu durante a unidade, apesar disso a professora Dilma continuava sendo a melhor professora. Um detalhe a ser lembrado, todas as segundas-feiras antes de entrar para sala a diretora da escola reunia todos os alunos e funcionários no pátio para cantar o Hino Nacional, esse hábito quase não existe nas escolas hoje em dia e muitos alunos não sabem nem cantar o Hino.
Enfim, fui aprovada para a 5ª série e fui estudar na cidade de Jitaúna onde cursei até a 6ª série no Colégio Cenecista da rede privada de ensino. Lá tive alguns professores dedicados que realmente ensinava e outros não. Nesta escola valorizava muito a questão das notas e que o aluno tinha que ser bom para alcançar a média que era 7, e sendo que a escola de um modo geral não tinha o compromisso com o ensino nem com o desenvolvimento do aluno. O professor chegava abria o livro e pedia que acompanhasse a leitura e depois passava um questionário que era sempre o do livro e nada mais, no dia da prova podia esperar que muitas daquelas perguntas eram questão da mesma.
Tive muita dificuldade em me adaptar por que sempre fui muito tímida e a saudade de casa era enorme, pois, fui morar na casa de meu tio e a esposa dele me colocava pra fazer tudo dentro de casa e raramente me deixava brincar com alguém e eu só tinha onze anos, isso me deixava muito triste e todas as noites eu chorava pra ir logo embora. Como não brincava, perdia horas na biblioteca do colégio que por sinal tinha muitos livros e aos poucos fui me interessando pelas obras literárias e li muitos desses livros e assim fui conhecendo um pouco da literatura brasileira mesmo sem saber diferenciar um movimento do outro que somente mais tarde no 2º grau viria a conhecer melhor. Desses livros o que mais gostei foi ‘’ O Cortiço ‘’ de Aluísio de Azevedo e ‘’ Dom Casmurro ‘’ de Machado de Assis, não desmerecendo a importância e o valor que os outros tiveram.
Quando terminei a 6ª série voltei para Jequié e fui estudar no IERP e lá permaneci até concluir o Magistério. Foi uma época muito boa e que deixou muitas saudades. Tive bons professores e que demonstravam ter compromisso com a educação, a disciplina e a avaliação já não era tão rigorosa e assustadora como antes e o aluno já tinha a liberdade de debater com o professor o assunto estudado. Quando resolvi fazer magistério tinha em mente que queria ser professora e pensava em um dia fazer faculdade, apesar de muito raro um professor comentar sobre o vestibular na sala de aula como hoje se comenta. No último ano do curso de magistério veio o estágio e foi muito ruim por que o estágio era sozinho e não tinha uma boa preparação para enfrentá-lo, mas no final deu tudo certo e me sair bem com minha turma de 1ª série.
E foi em 1995 que concluir o 2º grau e somente em 2000 que fiz o meu primeiro vestibular. De 2000 até 2004 fiz o vestibular pra Biologia, mas não conseguir passar, apesar da tristeza de não ter sido aprovada continuei estudando e em 2005 resolvi fazer Pedagogia e fui aprovada, realizando o meu objetivo que era entrar na universidade e hoje tenho orgulho de ser aluna do curso de Pedagogia da UESB e muito feliz em contar um pouco de minha história. O curso de Pedagogia tem me proporcionado uma reflexão muito rica a respeito da educação bem como outros aspectos ligados a ela que através das disciplinas foram feitas leituras que pudessem embasar tal entendimento. Para a construção da minha formação de futura educadora foi muito importante não só as leituras, mas também a interação entre os professores e colegas que através das discussões nas aulas enriqueceu bastante a minha concepção do que venha a ser educação. Além das disciplinas que com suas especificidades também tiveram um papel importante na construção desse saber.
Durante o curso tive a oportunidade de participar de alguns eventos como, Semana de Pedagogia e Projetos de Extensão que muito contribuíram na construção do meu saber, como também os filmes que alguns professores passavam na sala de aula, a exemplo de: A Missão; Em nome de Deus e o documentário Nós que aqui estamos por vós esperamos. Dentre outros que foram exibidos e que trouxeram uma compreensão muito grande para a minha realidade.
Relembrando esta minha trajetória de vida só tenho que agradecer a Deus por ter me dado uma família, um pai e uma mãe que sempre cuidou de mim e que nunca deixaram que eu trabalhasse enquanto não concluísse os estudos e também por ter superado todas as dificuldades que encontrei ao longo desses anos de vida escolar e hoje a um passo de concluir o ensino superior me sinto muito grata de estar conquistando mais esta vitória em minha vida.